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Pelo fim das sacolas plásticas: o Brasil pode virar “gente grande”!

fevereiro 2, 2012

Com tantasoutras causas maiores para discutir, o Brasil está indignado com a política deos supermercados não distribuírem mais sacolas plásticas. Confesso que esperavabom senso de muita gente que está reclamando sobre o assunto. A minha timelinedo Facebook está povoada de objeções de todos os tipos.  Fala-se desde teorias da conspiração deindústrias de plástico para faturar mais até a sugestão absurda de exigir queos mercados – que já teriam embutido o preço das embalagens nas mercadorias –distribuam sacolas de papel no lugar das plásticas. Eu acho que as coisas noBrasil custam caras, muito caras, mas esta última ideia é, de todas, a coisamais absurda que já li: parar de oferecer plástico por uma questão ambiental eai cortar um montão de árvores para oferecer os sacos de papel… Até agora,todos os argumentos contrários ao fim das famigeradas sacolinhas que eu liforam o resumo de uma visão meio simplista.

Campanha pedindo sacolas de papel: uma das coisas mais absurdas que li recentemente

Aqui naAlemanha faz muitos anos que todo mundo paga pelas sacolas plásticas, paga-setambém pelas garrafas pet (e é caro! Em média, 25 centavos de euro por cadavasilhame, mas se recebe o dinheiro de volta com a devolução os”cascos”). Essas duas medidas simples tornam o volume de lixo é muitomenor e a diferença é visível por toda a parte: não há lagos e rios cheios degarrafas ou sacolinhas jogadas com um punhado de lixo nos barrancos.  

Por aqui,cada sacola custa entre 10 e 25 centavos de euro, dependendo do tamanho e da qualidade.Existem as especiais também (e mais caras): de papel, especiais para conservaralimentos frios e as reutilizáveis, de algodão cru, vendidas no caixa de todo equalquer mercadinho.  A maior diferença éque você passa a usar as sacolas com mais parcimônia: no Brasil, o empacotador(nem vou entrar na celeuma de discutir sobre isso!) coloca duas ou trêssacolas, uma dentro da outra, para que o cliente leve até a porta do carro,estacionado no pátio do mercado, meia dúzia de coisas, que por sua vez já estãodentro de outros sacos (como as frutas) ou embalagens.

Há quemdefenda que essas sacolinhas são reaproveitadas para armazenar o lixo doméstico,mas eu discordo desse argumento com uma simples observação. Todo mundo noBrasil tem em casa muito mais sacolinhas do que precisa para usar no lixeiro,além de jogar a maioria delas fora porque rasgaram no caminho, molharam… Alémdisso, na verdade, a maioria das pessoas já compra sacos de lixo (e colocadentro de uma sacolinha pra levar o saco com os sacos para casa!) e coloca olixo nas sacolinhas e as sacolinhas no saco. São raros os que não fazem assim.

Só pracompletar: na Suíça, o morador paga uma verdadeira fortuna pelos sacos de lixocomum e recebe de graça os sacos (de cores diferentes) para os reciclados. Olixo comum só é recolhido pelo serviço de limpeza quando armazenado nos sacosque tem o logo da cidade. Sabe por quê? A taxa de cobrança de lixo está embutidado preço dos sacos de lixo não reciclado: quanto mais você produz, mais paga.Se reciclar, produz muito menos e paga bem menos. Mas claro que o Brasil aindaesta a anos-luz de alcançar uma situação como essa. Mas o exemplo não deixa deser válido.

Voltando aotema principal desse post.  Eu soucompletamente a favor da cobrança pelas sacolinhas: é uma mudança cultural epor isso encontra tanta resistência. Mas no fim das contas, quando se aprende aconviver com as novas regras, as melhorias são evidentes.  É uma mostra de que o Brasil está amadurecendoe só posso ver com bons olhos tal prática. E digo mais: tomara que passem acobrar pelo “casco” dos PET também. Assim todo mundo devolveria nomercado, o percentual de reciclagem seria muito próximo de 100% e todos saemganhando.

O que maisme deixa chateada em ver os comentários esbravejando contra o fim das sacolas éa falta de compreensão quanto ao entendimento da essência da medida. A ideianão é fazer ninguém pagar duas vezes – e nem um complô de indústria alguma: oponto básico é desestimular o uso de sacolas. Parece que as pessoas nãoentendem é que ninguém precisa pagar por elas: é só levar as suas sacolasecológicas de casa e pronto. E neste caso, aposto que vai ter muita instituiçãosocial, clube de mães e tudo o mais vendendo sacolas ecológicas de todos os tipos,cores e tamanhos. Eu uso as mesmas há 3 anos e meio aqui. E uso todas as vezesque vou ao mercado. Simples assim: não cai nenhum dedo, não falta sacola emcasa (já que compro sacos – bem baratos! – do tamanho ideal para cadanecessidade ou uso as sacolas que por ventura aparecem dando bobeira, já que aslojas, livrarias e tantos outros estabelecimentos continuam fornecendosacolinhas o suficiente para suprir a demanda da casa!).

Uma coisaprecisa ficar clara e é exatamente isso que as pessoas parecem não enxergar ounão querer entender:  as mesmaspessoas  que publicam quadrinhos de “salvemos animais” ou se julgam politicamente corretas. Fica dito:  a cobrança das sacolas deve ser encarada nãocomo um pagamento duplo, mas como um tipo de “multa” para quem nãolevou as suas próprias sacolas… Trata-se de uma mudança de atitude e não hárazão para questionar algo tão positivo.  

From → Alemanha, Brasil, nonsense

3 Comentários
  1. ADOREI seu post!!!Parabéns….abraçoAna Gaspar

  2. Ivana, aqui na Alemanha (pelo menos no meu prédio) também recebemos as sacolas amarelas pra lixo reciclável de graça. Só que no Brasil as pessoas não iriam querer essas sacolas enormes na cozinha pra juntar suas embalagens… Eu uso e adoro! O lixo em geral fica mais limpo/seco e o bio podemos jogar todo dia diretamente no depósito do prédio. Pergunta ao Hausmeister do teu prédio… vai ver até tem pra dar aos moradores, os sacos amarelos. Beijo e bom final de semana.

  3. Tinha que ter uma "Rossmann"da vida no Brasil pra vender aquelas sacolinhas que vc pode por no chaveiro… sempre tenho uma na bolsa para as compras "inesperadas". Também sou 100% a favor da não distribuição. Outro ponto… as sacolas que distribuem no Brasil são muito fracas! Melhor pagar por uma maior e mais forte que pode ser várias vezes reutilizada!

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